Nunca sabemos quando deixamos de amar alguém, o amor nunca morre, é como uma velha árvore que se vai desfazendo e os troncos ficam demasiados pesados e quebram, as folhas estalam e caem; é um processo muito lento, sobretudo quando não queremos deixar de amar.
Durante demasiado tempo, eu pusera os meus ovos todos num cesto, naquele cesto. Por obstinação, infantilidade, ou as duas coisas aí guardei a minha ideia do futuro: os ovos do sonho, da esperança, da fertitilidade. Mas o cesto estava vazio. E, do outro lado da realidade, o medo, ainda e sempre esse monstro cinzento igual á morte, apenas a gadanha erguida, que sempre impedira de se atirar á vida e de ser feliz.
Dormi pouco, assustada por imagens do meu futuro impossível. Era como se já o tivesse vivido sem nunca ter passado por ele. Crianças de cabelos aos caracóis com o riso igual ao meu, uma vida comum, semelhante á dos comuns mortais da casa ao lado, da rua de cima, da cidade vizinha, quem sabe até dos outros planetas, porque o amor é universal e a vontade de criar laços e de ter filhos atravessa todos os seres vivos.
Fechei os olhos e adormeci.
Quando acordei, finalmente peguei no cesto e fui-me embora. Finalmente, estava livre. Agora já podia ir até ao fim do mundo!
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